quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Quarenta e quatro

Conto os dias para a ir ao seu encontro. Para mim, será um sonho. Pra ela, serei mais uma.
Mesmo assim não me importo. Penso nela todos os dias.

Enquanto isso me arrumo, escolho o que vou vestir, penso como será quando puder conhecê-la finalmente.
Ensaio o que vou dizer, penso em frases que soem tão bonitas quanto ela.

Me apaixonei por uma completa estranha. Só a vi em fotos, mesmo assim ela tem feito eu viver o último ano esperando por esse dia.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A praia do outro lado da rua

No meu sonho, eu abria a janela e fazia um dia claro. Os prédios todos que tampavam o sol haviam sido derrubados. E atravessando a rua, havia uma praia com areia fininha e um playground.
Soprava um vento gostoso e eu não lembrava mais o que havia lá antes do mar.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Dos passos em falso e pedras no caminho

Por medo, precaução, insegurança - por qualquer coisa, menos por preguiça - cada dia se doava um pouco menos.
Já havia se enganado tantas vezes, e por tantas vezes já havia insistido naquele engano, que não via mais caminho pela frente e mesmo assim seguia a diante. Com passos menores é claro, pronta para dar um passo em falso, pronta para tropeçar a qualquer instante.
Um dia, tinha certeza, não teria mais como se doar menos. Ou desistia de tudo, ou afundaria as pernas naquele mar de lama.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Por nem mais um fio

De todas as coisas que podiam acontecer, o que ela menos queria era machucar.
Não queria que ser ela mesma, ferisse alguém. Por mais grosseira ou sincera que fosse.
E dizia cada coisa por impulso, sem pensar ou escolher palavras. Porque achava que isso era importante. Dizer as coisas como lhe pareciam, sem filtros entre a alma e a boca.

Mas de dizer sem pensar, acabou cortando o último fio, da fina corda que segurava aquela ponte, que ligava ela ao mundo da outra.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Bom dia, desastre...

"Porque ela era proibida, eu fingia que dormia. Frente a ela, cara a cara, eu espiava com os olhos entreabertos. Não que eu fosse boa em disfarçar, porque a esse ponto todo mundo já sabia daquilo que eu ainda negava. Mas se eu tinha alguma chance, então eu ia tentar, desafiando a boa moral.


Se no dia seguinte voltei ao mesmo quarto, foi por sentir-me tomada por ela. Incontrolável, irreprimível.


Qualquer coisa se tornava desculpa para encosta-me a ela. Acarinhava seu cabelo, estralava-lhe os dedos, entrelaçava as pernas em um jogo qualquer. Se ela sentia sede, embriagava-lhe de vinho, sem maldade, desejo puro. Puro desejo, DOIDO desejo.


Quase manhã, quando desistimos de tudo. Porque já não cabia em mim, porque já não era eu, porque me perdi nela, porque me encontrei nela; cedemos. Bom dia, eu te amo!"

E daí em diante, abri a porta para os desastres e demônios.

domingo, 5 de setembro de 2010

Pra respirar bem fundo...

Algumas coisas não mudam nunca. E a gente segue tentando, movido por uma fé cega, sei lá porque. Acontece às vezes de seguir sem fé nenhuma.
De um jeito ou de outro a gente continua na estrada. E volta e meia vem uma vontade louca de ser livre e desistir de seguir em frente. Largar a mão só.
Preguiça imensa de olhar pra frente e encarar você. Me mostrando como tudo pode ser chato, e como eu posso me enjoar rápido demais de tentar.
Você e seu desejo louco de me tirar o ar. De respirar o mais fundo que puder, só pra me sufocar.
E depois sorrir doce e sereno, como se eu é que quisesse muito ar.