sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Feridas

Encontre uma ferida antiga. Com uma chave de fenda, abra mais fundo. Cutuque. Gire em todas as direções e com um pouco mais de força, faça-a chegar até o fundo.
Deixe sangrar sem curativos. Jogue um pouco de qualquer coisa que faça arder. E não grite. Agüente a dor com sorriso no rosto.

Você me dói assim.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

ainda




É como quando toca uma música, sua preferida, e você precisa dançá-la, cantá-la, bem alto.
Quando você vive um dia lindo, e precisa suspirar...
Preciso ainda te viver.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Da saudade sem tamanho

Parei pra reler as coisas que escrevi no último ano, como um exercício de limpeza interior.
Nos últimos tempos com você, muito do que eu sentia era pesado.
Ao mesmo tempo, quando você aconteceu em mim, no início, eu era feliz como nunca.
Eu sempre soube que você iria embora, e sentia falta de você desde sempre.
Mas eu queria mesmo perceber quando foi que a gente se perdeu...

Só sei dizer que hoje, eu queria muito você aqui, com seus espinhos e pétalas.
E eu que achei que não tinha mais lágrimas, me peguei derrubando mais algumas.


Para conservar aquele sorriso

Pegue todas as dores e vista-as com poesia.
Limpe todas as feridas e deixe que elas se fechem com o tempo.
Transforme toda mágoa em possibilidade e abra as janelas pro futuro.

Reinvente o agora, de forma que nada mais te falte.
Guarde um pouquinho de fé para os dias mais cinzas.

E não espere mais que ela volte. Porque ela não volta e nem é mais pra você.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ânsia

não é nada
é só uma saudade que eu não sei como expulsar
uma vontade irracional de olhar pra você
ficar em silêncio
depois ir embora
mas antes olhar pra você outra vez
te puxar pelo braço gritar com você te sacudir
vomitar minhas mágoas e olhar nos teus olhos
te abraçar bem forte te bater na cara te perguntar porque
rastejar engasgar soluçar cair aos seus pés
segurar sua mão
dizer que te amo
ainda
pedir que por favor me liberte
ou volte
me ame se case comigo me deixe viver me ensine a te deixar ir
me mostre um caminho
acenda a luz
te odiar te morder te chutar te fuder
te abraçar forte e confessar que eu te quero mais que a mim


Cisco

Ela me dói em todos os cantos; toda parte da memória, dos dias, da casa, do corpo. De tudo aquilo que sangra, fico lembrando do seu olhar vazio da última vez em que a vi.
Aquele olhar sem expressão, quase tédio. Não todo tédio, porque parte caía como indiferença. Daquele olhar de gente que se cruza pela rua e não se conhece, que se esbarra e pede desculpa por obrigação.
Os olhos dela deixavam claro que eu já não morava ali. Que há tempos, ela havia me matado. E acredite, ver-se morta nos olhos de alguém, é convite a suicídio.
Um dia aqueles olhos tiveram brilho e graça e olhavam nos meus. Naquele dia, eles estavam ali só pra me ferir, e olhando pra mim como quem olha para uma parede, se despediram. Foi a última vez em que a vi.

Azedo

Sempre pensei que quando o "nós" acabasse, você e eu seríamos duas pessoas com muitas histórias pra lembrar com sorrisos. E que sempre por perto, iríamos guardar com delicadeza mesmo as nossas asperezas. Pensei que seria doçura, mesmo nosso azedume.
Hoje, tantos meses sem você, nem notícias - nem seu nome eu ouço mais -, entendi que nada é tão justo.
Você foi de um jeito bruto, sem cumprir qualquer promessa, nem longas despedidas.
De tudo, eu guardei muitas dores. Das lágrimas eu já me desfiz.

De todo modo, eu não sei ser assim... derrubar a ponte que me liga - e já não liga - à você, é pedir pra eu não ser quem eu sou.

Eu só posso acreditar, que você não faz idéia do amor que deixou aqui, pra ter me abandonado, depois de largar todas tuas farpas no meu peito.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O Nosso Mundo - Barão Vermelho

"Eu não te deixaria desistir tão fácil
E não te negaria nenhum abraço
"







"Eu voltaria atrás no tempo"


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Queda livre

Queria que você não tivesse desistido.
Aprendi com você a fechar os olhos, a chorar, a abraçar forte.
Entendi que eu amo mesmo os teus defeitos, tuas manias, teus afastamentos.
E depois de tudo isso, te ver desistir sem maiores explicações, só me faz querer experimentar a queda livre.

Queria mesmo que você tivesse ficado, insistido, tentado outra vez. Ou pelo menos explicado porque. Queria que no mínimo, você se afastasse aos poucos e não me roubasse últimos momentos.

De você em diante, eu sou só um corpo vazio.
Com você, foi embora também toda e qualquer vontade de amor.

Boneca de pano


Ah se você fosse página virada... Se eu pudesse não mais guardar o tapete vermelho pra estender pra você. Se eu não pensasse mais em nada, nem você me doesse.
E se eu não te visse em todo canto, em todo gesto, em toda voz. Se eu não te ouvisse em toda música, nem te procurasse a cada esquina.
Se a marca que eu fiz de você no corpo, fosse a única coisa que me lembrasse você.
Então eu seria mais pálida, mas um pouco mais leve.

Mas você me faz sentir boneca. Daquelas abandonadas, trocadas por um brinquedo novo. Boneca de pano, feia. Daquelas que você já dormiu abraçada, mas depois de brincar jogou num canto qualquer, rota.