domingo, 26 de dezembro de 2010

Me repetir

Me dói te deixar ir embora. E não é uma questão de deixar ou não.
Eu já fui embora de você. Agora tento te expulsar de mim.

Não gosto de pensar que a gente se perdeu.

Mas se eu te expulso daqui, me deixo ir embora também e me perco de mim.
Perco o brilho nos olhos, o frio na barriga.

Desde que você foi, acho que perdi um pouquinho da sanidade.
Porque durmo-acordo-como-vivo-ando-respiro-sonho você. E você não está em lugar nenhum onde eu te procuro, e mesmo assim te vejo em todo canto.

Beira o absurdo, a loucura, o desespero...

E às vezes dói tanto que deixo de sentir. Quase esqueço você.

Quando vou dormir você me falta e eu não encontro jeito pra deitar.
A cama é imensa, o vazio é denso e eu procuro seus braços no meio do escuro.

Sabe que eu nunca mais dormi tão bem?
Dormi sim, de cansaço, de sono, de tédio, de álcool.
Mas nunca mais eu dormi de perfume da tua pele me acalmando a vida.

Eu sei que preciso te deixar ir de mim. Mas dá preguiça, dá costume, dá saudade.

Antes de dormir, eu às vezes me pego fingindo que você está aqui, e te peço pra contar baixinho no meu ouvido, sobre os dias todos que levaram até a gente se entregar.
Eu juro que sinto seu cheiro quando isso acontece.

Isso sem falar em quantas vezes eu escrevo pra você - como agora - como se você fosse ler.



Faz um favor? Volta pra mim.
Te amo hoje.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

(des)apego

"não duvide nunca que você foi o meu grande amor.
fica bem. sempre. e sempre feliz. porque você fica linda sorrindo."



(...)

"se um dia você quiser tentar de novo, me avisa?"


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Pra me lembrar - Por um novo ano


Atenção, eu não dou mais murro em ponta de faca!
A palavra de ordem do ano que entra é "leveza".
Abri as janelas. Não tenho mais idade para ser estúpida.
Sigo do jeito torto, porque só sei ser assim.
E conforme me aconselhou o querido Caio F., abracei minha loucura.
Me disseram que a vida é boa. E eu tenho cada vez mais certeza. Plena certeza.

Ao universo, entrego meus caminhos.
Quanto à você, eu acredito que a gente deixe esse encontro para um outra vida.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Nonsense - ou a catarse dadaísta

Então eram mais ou menos quatro da manhã, quando a gente chegou na rua de casa. - Desce comigo pra queimar umas coisas?
Subimos, e eu peguei tudo aquilo que já estava separado, esperando a hora. - Espera, vou só olhar uma última vez...
Ele disse: Tenho a noite inteira.
Amigo é terapia.
É meu melhor inferno astral.
Engraçado que mesmo encharcado de álcool, o fogo não queria espalhar.
Por sorte, Deus inventou o isopor. Isopor queima fácil.
E a gente sentou na guia da calçada, um quarteirão pra frente.
Ele me deu um cigarro, e a gente assistiu de longe àquela cena nonsense.
No apartamento atrás da gente, alguém tocava gaita e eu pensei no Johnny Cash.
Falei tudo o que eu podia. Gastei cada verbo e conjuguei no passado. Imperfeito.
O futuro vai ser mais-que-perfeito. Acabei de inventar pra mim.
Tem espaço até pra futebol. Hoje eu torço pro Botafogo.
Quando cheguei em casa, lembrei de um dvd. Voou pela janela. Bateu no carro estacionado à frente e depois caiu no chão.
Saí para comer um cachorro-quente e quando voltei não estava mais lá.
Adeus, inferno. São seis da manhã.


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ele entende...

''Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. '' Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Bandeira branca

Desisto.
Por não ter forças, nem mais vontade, nem mais respeito. E por prometer pra mim, abrir espaço para o novo.
Desisto de qualquer contato com você. E abro mão de todas as lembranças que você um dia deixou.

Desisto até do meu ponto final. Ponto final. Era a única coisa que eu ainda buscava. Pelo simples fato de não deixar coisas jogadas pelo caminho, ou frases engasgadas; e por querer preservar o que um dia foi bom.

Por princípios, fecho essa porta agora.

Sabe quando fica um nó na garganta? Mas o cansaço é tanto que é melhor não dizer mais nada...

Não fosse a falta...



Você seria o maior amor do mundo, não fosse a dor, maior que o amor.

Vou dormir todas as noites, pedindo para que seja a a última sem você.
E acordo todos os dias, pedindo um pouquinho de força. O suficiente para levantar e levar adiante tudo aquilo que eu me propus a fazer com o mundo.
Meu deus, como você me dói!
São os melhores dias dos últimos tempos. Não fosse a sua falta, tudo seria perfeito.
É o melhor dezembro dos últimos anos, não faltasse você quando eu vou dormir.

Mas se você viesse aqui, só por hoje, eu esqueceria das dores, das farpas, dos espinhos. E enfeitaria a casa pra esperar por você.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Hoje me veio a certeza, o mundo foi feito pra mim.

Acordei essa manhã me sentindo leve.
Caminhei até o trabalho, pensando como tudo tem andando bem.
Distraidamente enfiei o pé em uma poça de água. Cheguei no trabalho, rindo, com os pés e pernas molhados.

Acordei me sentindo criança. Cantei enquanto tomava banho.
Revisei minhas tantas listas que fiz durante o ano, e com satisfação eu vi que cumpri mais do que eu mesma esperava de mim.

Falta mesmo é muito pouco. Falta uma filha, que só terei em alguns anos, falta um cachorro, que talvez não queira mais, falta um trabalho novo, mas que por enquanto não quero.

Tão satisfeita com tudo e me nasceu ainda um dia de sol, em plena sexta-feira. À noite ainda me reserva sorrisos. Posso querer mais o quê?

Me explica de onde vem essa ansiedade?

Hoje me veio a certeza, o mundo foi feito pra mim.
Só faltava mesmo você, pra eu dividir meus sorrisos.
Mas vou correr até a Av. Paulista, e me dar de presente um livro novo que eu paquero há tempos.


É a primeira vez que dezembro me parece tão leve.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Pretérito imperfeito

Então eu pensei em te ligar. E na verdade, eu liguei. Por sorte, seu telefone estava desligado.
Não sei se era pra saber como você estava, ou se era mesmo pra dizer como nos últimos tempos tudo está tão bom por aqui; só sei que por uma fração de segundo eu quis muito dividir com você todas as minhas coisas, só minhas.
Tanta coisa aconteceu nos últimos tempos, e eu pensei tantas vezes em te escrever ou te ligar, e contar cada sorriso que eu dei, cada coisa que eu consegui, e cada passo certo que eu dei. De qualquer forma, já não faz sentido. Dividir um dia já foi somar. Hoje, seria subtrair.
Meus passos tão meus...

Você me falta de um jeito que eu não sei explicar. Falta tanto, que eu me sinto cada dia mais leve. Leve e longe. Quase esqueço de tudo, não fosse uma alegria louca, que eu queria dividir com você. Por costume ou por amor mal resolvido, às vezes você ainda me falta. Mesmo que eu quase não lembre do seu rosto.

Isso é o mais estranho.