domingo, 26 de dezembro de 2010

Me repetir

Me dói te deixar ir embora. E não é uma questão de deixar ou não.
Eu já fui embora de você. Agora tento te expulsar de mim.

Não gosto de pensar que a gente se perdeu.

Mas se eu te expulso daqui, me deixo ir embora também e me perco de mim.
Perco o brilho nos olhos, o frio na barriga.

Desde que você foi, acho que perdi um pouquinho da sanidade.
Porque durmo-acordo-como-vivo-ando-respiro-sonho você. E você não está em lugar nenhum onde eu te procuro, e mesmo assim te vejo em todo canto.

Beira o absurdo, a loucura, o desespero...

E às vezes dói tanto que deixo de sentir. Quase esqueço você.

Quando vou dormir você me falta e eu não encontro jeito pra deitar.
A cama é imensa, o vazio é denso e eu procuro seus braços no meio do escuro.

Sabe que eu nunca mais dormi tão bem?
Dormi sim, de cansaço, de sono, de tédio, de álcool.
Mas nunca mais eu dormi de perfume da tua pele me acalmando a vida.

Eu sei que preciso te deixar ir de mim. Mas dá preguiça, dá costume, dá saudade.

Antes de dormir, eu às vezes me pego fingindo que você está aqui, e te peço pra contar baixinho no meu ouvido, sobre os dias todos que levaram até a gente se entregar.
Eu juro que sinto seu cheiro quando isso acontece.

Isso sem falar em quantas vezes eu escrevo pra você - como agora - como se você fosse ler.



Faz um favor? Volta pra mim.
Te amo hoje.

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