sábado, 17 de dezembro de 2011

um futuro leve

acho que qualquer dia desses, eu, de tão leve, chego ao céu, quase como um balão.
de alma tranquila, de peito aberto, coração sorrindo.
um pouco ansiosa em ver o futuro chegar, porque sei que é bom como é bom o presente.
leve, leve, leve.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

além você

A melhor coisa que fiz nos últimos tempos foi desistir do meu conto de fadas e continuar a viver. Não te espero mais, nem sonho com o dia em que o mundo te traz de volta pra mim.
Tenho andado bem feliz no meu novo caminho, e nele, não tem lugar para os seus passos ausentes andarem ao lado dos meus. Mesmo assim, penso sempre, sempre, sempre em você, que foi minha paz e minha loucura.
Acho mesmo que era pra ser você, e lembro da primeira vez em que tive essa certeza.
Já nem quero mais saber onde foi que eu morri pra você. Aprendi a conviver com o seu fantasma, e hoje só me importa mesmo, é saber que você passou por aqui, me marcou, me mudou, me mostrou um mundo e mesmo indo embora do jeito mais dolorido, como ninguém nunca deveria ir, me deixou o desejo de que haja outra vida, só pra que a gente possa cruzar nossos caminhos outra vez.
Neste tempo pós você, eu mudei ao ponto de dizer foda-se pra tudo, só pra ver o meu mundo mais leve, mais fácil levar adiante.
E agora, só fica no meu mundo, aquilo que traz paz, leveza e sorriso.
Nem um peso a mais que eu precise arrastar, além da falta que você faz aqui.

domingo, 20 de novembro de 2011

enquanto for leve


não estou pronta pra admitir o quanto gosto de ver você entrando por esta porta, mas eu sei muito bem que não quero te ver saindo por ela.
gosto do quanto você faz meu caminhar mais leve, e como de algum jeito eu sinto que você me conduz.
então, não vai embora. não agora.
ainda é um pesadelo lembrar que ela foi, mas você faz tudo sonho outra vez.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

caio f.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

mãos dadas


eu deito pra dormir e agradeço aos deuses todos por você dobrar essas esquinas, cruzar as avenidas, andar a paços largos, tudo isso segurando a minha mão. passando pelos meus caminhos, chegando todo dia mais além, de mim.
eu acordo pela manhã, já nem tão manhã assim, e peço ao universo um pouquinho mais de tempo com você. que ele não te leve, não te arranque nestas curvas, não nos invente labirintos e que faça sempre nosso caminho assim, linha reta que te trás pra mim.
porque você faz do meu caminho mais leve, sem barrancos.

sábado, 29 de outubro de 2011

sobre você e eu

eu olho pra você e vejo crescer em mim todo o medo do mundo de me deixar ser sua.
aí eu nego pra mim, pra você e pra qualquer um que me disser como você combina comigo.
mas tudo isso é medo, porque eu acho também que sua piada combina com a minha risada, a sua boca com o meu beijo, sua mão com a minha nuca.
é só medo mesmo, de te dar espaço em mim e depois você ir pra longe. tudo isso e mais um pouco de tpm. então não me odeia, se eu ainda não tiver coragem de confessar que você é o cara que mais se encaixa na bagunça do meu quebra-cabeça, tá?

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

sexta

ah, que saudade que eu tava de bagunça no sofá, escova de dente juntinha, lençol todo torto, pés quentinhos, braço embaixo do pescoço pra dormir de conchinha.
frio na barriga, sorriso, beijinho.
finalmente amanhã é sexta. porque olhar pra você todo dia e fingir que não dou a mínima, aaah, me mata.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

aos quatro ventos

acho que quando a gente está feliz assim, deve ficar bem quietinho, pra que ninguém no mundo acabe com a nossa alegria. mas é que eu queria tanto gritar aos deuses todos que, amém, ando com a cabeça nas nuvens e coração também. Leve.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

por que não sorrir de volta?



como você não quis...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

tanto sonho

eu não sinto sono, então fico assim, te olhando dormir... na minha cama, meu deus, que eu achei que nunca mais ia caber tanto sonho. descobri que cabe o mundo de sorrisos.
e não é você, sou eu... que entendi que eu é quem faço mágica do mundo, com ela ou sem ela, e com você, com você, com você, que trouxe um pouquinho da sua luz pra minha vida nova.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

tudo novo de novo

recolhi do chão os cacos de mim. lembrei que eu é quem sei do meu mundo.
dos lugares por onde eu passei, eu trago comigo meus medos, mas eles não me fazem parar.
e do lugar onde estou agora, eu sou sorriso outra vez.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

de novo

"Não há promessas. É só um novo lugar." Cazuza

E meu deus, só eu sei como eu precisava desse novo lugar.
Sorrindo outra vez.

sábado, 13 de agosto de 2011

livre


"Os meus gritos não se escutam mais, estão na direção do Sol." Cidadão Quem

sábado, 6 de agosto de 2011

vinte e três horas, avenida paulista

"Quem nos faz falta, acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta.
Não há escape." - Caio Fernando Abreu


Depois de um dia bom, daqueles cheios de sol, sorvete e sorrisos; depois de um dia em que eu juro, não disse seu nome mais que três ou quatro vezes, vi você passar e eu só queria mesmo era pegar um trem pra lua.
Com você a meia calçada de distância, eu podia mesmo me jogar na frente da sua bicicleta, ou jogar você na frente de um carro, dependendo muito do meu tanto amor e da minha muita mágoa. Mas nem um, nem outro. Eu queria mesmo era desaparecer. Ir pra qualquer lugar do mundo onde você não me doesse.
Reconheci você de costas, depois de perfil. Pelo rosto, pelo cheiro, pelo jeito como minhas pernas tremiam e não suportavam o peso dos dias que eu sobrevivi sem você, eu não tive dúvidas de que era você a meio segundo de distância do meu peito explodir. De saudade, de tristeza, de amor, de raiva, de falta de coragem de olhar pra você, meu maior desastre.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

insossa

eu deito pra dormir e me bate uma saudadezinha, daquelas doídas, de você.
não de você, essa menina que hoje eu mal lembro do rosto, e que se ouço a voz pelo telefone me soa tão insossa.
saudadezinha daquela menina pra quem eu daria o mundo todo, com quem eu me deitava mesmo sem sono, só pra ficar pertinho, conversando e sonhando acordada.
saudadezinha daquela menina pra quem eu passava horas a fio, olhando dormir de boca aberta, no meio da noite, ou pela manhã, quando eu acordava antes dela, só pra não perder um segundo quando seus olhos abrissem, e ela viesse me contar qualquer sonho sem pé nem cabeça.
dessa menina sem sal, que me escreve uma vez ou outra, pra dizer nada, eu não sinto saudade.
não gosto dessas meninas que desistem de um amor, pra viver umas coisas...
gosto daquelas que largam as coisas todas pra viver um amor.
essas têm coragem, como eu tive, quando larguei o juízo pelo caminho pra largar o mundo e segurar a tua mão.

domingo, 17 de julho de 2011

boa noite.

se não é pra escrever de você, não sei escrever de mais nada.
melhor ir dormir.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

o mesmo sorriso

bom dia, mundo! Seis e quarenta e seis da manhã, alguém fala pra mãe dela que eu to quase esquecendo a filha dela?
Oi, tudo bem? Eu não aguento mais sonhar com você tanto assim. Eu to tentando esquecer a sua filha, então, por favor, não fica aparecendo nos meus sonhos, tá?
Menos ainda sorrindo assim tão bonito, igual ao sorriso dela.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

eu, plano b

aí eu entendi que ela não gosta de mim. ela gosta de me ver por perto, como um plano b, caso o conto de fadas dela não dê certo. e é só me perder de vista, pra aparecer e oferecer migalhas, só pra não me perder de vista.
eu não estou aqui para enfeitar o seu mundo quando você estiver carente, ok?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Janta


"Eu quis te convencer, mas chega de insistir
Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade"

Marcelo Camelo e Mallu Magalhães

segunda-feira, 27 de junho de 2011

mentira.

tentei continuar sem você. tentei negar você. tentei esquecer. tentei ir atrás. tentei fingir que você nunca existiu. tentei te lembrar tanto quanto podia, até enjoar.
tentei tudo.
queimei tudo.

hoje, eu finalmente e oficialmente, desisti de você.
mais precisamente nesse minuto. 13h31.

bom caminho.

domingo, 26 de junho de 2011

boa noite, meu amor...

boa noite, meu amor... esta noite vou tentar te matar outra vez.
se tudo der certo, amanhã eu acordo livre e leve, sem essa saudade doída de você.
na pior das hipóteses você vai continuar viva na minha lembrança, e eu vou outra vez engolir seca essa vontade de ouvir sua voz.
bons sonhos. estou tentando um novo jeito de te esquecer.

terça-feira, 21 de junho de 2011

saudade




depois do fim foi que eu entendi que amor não morre. e foi também que eu descobri que tudo que eu já tinha sentido antes, não passava perto do que é saudade.
saudade é esse nó no peito que eu carrego agora, esse choro contido e essa vontade louca de ter você por perto, a todo custo. essa vontade de me jogar da janela, da ponte, do precipício. essa certeza de que sem você eu já não quero mais ir a lugar nenhum.
minha pequena, você precisa voltar, porque eu já não sei o que fazer de mim sem você.
seu nome é meu mantra, e o dia todo eu passo repetindo, pra ver se você volta.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

me faça feliz.


"Desculpa por tudo... Seja muito feliz!"
quase nove meses depois e eu acordo com essa mensagem fazendo meu celular tocar.

Ok, desculpo por tudo. Na verdade, às vezes eu acho mesmo é que a culpa foi minha.

Agora, não me pede pra ser feliz. Eu juro que tento, mas você devia saber, pelo meu choro contido, meu sorriso amarelo e meu peito rasgado, que tentar ser feliz sem você é besteira...
E não me diz que sente minha falta, porque se sentisse mesmo, voltava pra mim. Meu mundo inteiro continua esperando você. Guardei seu espaço na cama, no guarda-roupas, no coração.

Então, não me manda essa mensagem boba. Corre pra mim, volta. E me fala que me quer tanto quanto eu quero você. Porque só com você eu sou feliz.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Pessoa


“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”

Fernando Pessoa

segunda-feira, 13 de junho de 2011

céu

Me liberta?
Morro todos os dias esperando você voltar.

domingo, 12 de junho de 2011

fantasmas

por um tempo eu tentei não pensar em você. só pra não ter que olhar pra mim, repensar você, abraçar meus fantasmas.
mas sua ausência me dói como corte profundo que cicatriza com caco de vidro por dentro, rasgando toda vez que eu penso que vai passar.
eu só queria ter todo o tempo do mundo pra ficar com você, abraçando minhas loucuras todas.

me apaixono por você todos os dias.

da morte das flores

Depois que a Maria fora embora, o mundo todo perdeu as cores, e agora é todo em escala de cinza. Como as cinzas todas das coisas dela, que botei fogo para tentar esquecer, em vão.
Sem a menor idéia de por onde anda Maria, rezo todas as noites pra qualquer deus que exista, qualquer um que possa trazê-la de volta.
Pior que qualquer coisa, é que continuo amando a Maria, de um jeito que não cabe mais nesse mundo, mesmo sabendo que a Maria de hoje, já não é mais aquele que eu amo mais que a mim.
Daria o infinito pra não ter perdido aquele amor, nem ver morrer meu jardim de rosas e girassóis.
Vez ou outra, quando estávamos juntas, eu chorava sem explicar. Porque no fundo eu sabia que ela iria embora e não queria que esse dia chegasse nunca.
Não queria estar aqui pra ver esse amor morrer pra ela.

Hoje eu levo a vida mais leve, e faço tudo, me permito, pra não arrastar correntes pelo meu caminho. Tudo pra tentar esquecer essa ferida que não cicatriza.



quarta-feira, 27 de abril de 2011

Dos seus pezinhos pequenos e a saudade que eu sinto deles

Eu lembro sempre dos seus pezinhos pequenos. Lembro deles se enroscando aos meus no meio da noite. Seus pezinhos... meu primeiro contato com você, nosso primeiro toque.
Lembro de acordar ao seu lado, da primeira vez. Cara a cara com você.


Achei que era pra sempre e queria que fosse assim.
Hoje meus pés seguem sozinhos, mas meu coração eu deixei em algum lugar dessa história. Pra você.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

.

"A partir de hoje, só o que for muito, muito leve, bonito e fácil. A grande maioria desiste. Eu, só estou abrindo mão. Concordo contigo, também aconteceu comigo: o meu coração partiu. Para outro lugar." Gabito Nunes

domingo, 24 de abril de 2011

pra te esquecer

eu acordo e contrariando toda a minha vontade, eu penso "não vou pensar nela". pronto, já pensei.
e todo o meu esforço pra te esquecer e levar a vida leve, como se você não me doesse, vai por água à baixo.
negar você pra mim, é lembrar a todo tempo que você me falta.
e eu, tão cheia de disciplina, que consigo tudo o que quero, oscilo entre querer você de volta e querer te arrancar de mim. e desta, não consigo nada, nem um, nem outro.
não te esqueço nem te trago de volta.
e em todo lugar, me vem o seu gosto, seu cheiro, seu rosto, seu riso, sua falta me lembrando que todas minhas alegrias são metade.
o dia passa, e eu me repetindo "não vou pensar nela", como uma anotação mental, pra lembrar de te esquecer. mas eu fico achando mesmo, é que você não passa nunca.

terça-feira, 19 de abril de 2011

das pequenas coisas

saudade das coisinhas bobas que marcaram você aqui.
e da sua asma atacando no meio da noite, como uma gatinha ronronando.
e de esfregar as suas costas no meio do banho, fazer bolha de sabão.
comer sua receita de miojo. acordar no meio da noite pra ver você dormindo. de boca aberta.
me perder nos meus sonhos, imaginando nosso futuro...

pode ser?

"Quando você ficar triste, que seja por um dia, e não o ano inteiro." - Frejat



Pode ser assim comigo também?
Seis meses de saudade é mais do que eu posso agüentar.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

me perder

Porque eu queria muito me perder nos seus braços, como se não houvesse amanhã, com a certeza de que te esperar pode um dia valer a pena.
Mas eu precisava muito me perder em abraços, e tanto faz em quais braços, queria ser menina e precisava de cuidado. E dormi com ela, esqueci outra vez de te esperar.
Eu sentia mesmo muita saudade de que alguém me olhasse assim. e não é que não olhassem, mas eu não queria ser vista por olhos que não os seus. Só que dessa vez, tanto fez.
Eu queria carinho tanto quanto eu queria cuidado, e não podia esperar mais.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Há exatos dois anos, nesta madrugada

"Você é dedos que eu te quero, tocou
Você é beijo que eu te quero, beijou
Você é Vênus que eu te quero, soprou
Não sou desses homens, eu te quero, atenção"
Mapa do Meu Nada, Cássia Eller

"Não sei se esse mundo está são
Mas pro mundo que eu vim já não era"
Sim - Nando Reis

"Eu quero voltar lá do céu
Eu quero estar de volta
Eu quero ter você quando estiver de volta
Eu quero você para mim
Não dou
Pra ficar só"
Espatódea - Nando Reis



domingo, 10 de abril de 2011

Tempos modernos - Lulu

Tem dias que eu acordo assim, cheia de expectativa. Porque as coisas caminham de um jeito bom, porque eu consigo sempre o que eu quero. E se eu não consigo, deve ser mesmo porque não era pra querer.

Um novo tempo...


(...)

"Eu vejo a vida
Mais clara e farta
Repleta de toda
Satisfação

Que se tem direito
Do firmamento ao chão...

Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...

Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não,
não, não...

Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir..."


(...)


Lulu Santos

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Seu farol

Eu faria pra você um farol. Só seu. Pra que todos os dias você pudesse ir até lá, e fizesse graça com seus malabares. E eu, passaria por lá todos os dias também, só pra te ver um pouquinho com seu nariz de palhaço.
Ora ou outra talvez, eu deixaria o farol fechado por mais alguns minutos, pra poder te ver pertinho um pouco mais. E quando você passasse com seu chapéu, eu jogaria meu coração, pra você fazer dele o que quisesse.


Mas isso, eu faria qualquer outro dia, hoje, se eu pudesse mesmo, eu viveria como se você não existisse, nem jamais tivesse aparecido no meu mundo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Dois anos que te amando

Desde que eu olhei nos olhos dela, há exatos dois anos, que o mundo inteiro desabou.
E em tudo o que eu fazia ou pensava, lá estava ela, me roubando a razão.
No começo, sua presença era doce como infância. Hoje, depois que eu precisei aprender a lhe dar com a sua ausência e agora que abril se tornou o pior dos meses, eu levo a vida um pouco arrastada.
Matei uma parte de mim para continuar a viver sem você e esse corpo que vaga pela rua, vez em quando ainda te lembra ferido.


E nesse dia eu já te amava sem saber. E sem saber que dali em diante, coisas belas e dores terríveis, viriam alternadamente, até que tudo chegasse ao fim, e fosse só sua falta, falta, falta.

domingo, 20 de março de 2011

O gato, a dona e a menina

O gato conheceu a menina, e entendeu porque todas noites a dona rezava baixinho e pedia que ela voltasse.
A dona disse ao gato, que se a vida fosse justa, a menina seria sua outra mãe, e que todas as noites lhe encheria a vasilha com leite e lhe daria um beijinho de boa noite antes de ir dormir.
O gato se encantou pela menina e se exibiu a manhã toda, andando pela casa fazendo tudo para chamar-lhe a atenção.
A dona, sorria como nunca, e o gato que nunca havia visto ela em tantos encantos, sentia-se feliz também.
Até o cachorro imaginário, abanava o rabo e latia sorrindo.
Todos eles, torcendo para que a menina viesse logo pra dona, que todas os dias pedia aos deuses todos, aquele amor de volta.

quinta-feira, 17 de março de 2011

mais

Por alguns instantes tudo ficou suspenso. Se o tempo parasse, eu seria mais feliz.
Ela ali, olhando nos meus olhos. Meu coração na boca.
O mundo fez-se mais leve, tudo fazia sentido. Eu tinha um porque.
E foi a melhor manhã dos últimos tempos.
Eu quero mais.

Depois que ela foi, já que o tempo insiste em andar, o chão sumiu. O céu desabou. O peito explodiu.
E eu morri outra vez.

Eu confirmei o que eu já sabia. Ao lado dela, e só assim, eu quero a vida. Do contrário, me deixa afogar nas tristezas.

fantasmas

então eu olhei bem pro gato, e disse:
"presta atenção, ela vai chegar. presta muita atenção. ela podia ser o meu futuro, o seu futuro. a sua outra mãe."
e era verdade, se a vida fosse boa, ele já teria conhecido ela antes, em outras circunstâncias.
hoje ela era só a visita, que veio conhecer o gato e desenterrar uns fantasmas.

quarta-feira, 16 de março de 2011

ovni

no começo, eu tinha assim, certeza, que era você, pra vida toda.
e lembro da primeira vez que isso me ocorreu, e eu tentei ser racional. disse pro marcelo, até, assim que olhei, que meu deus do céu, como você era linda. no mesmo dia eu liguei no seu celular, pra falar com outro amigo. pela primeira vez, eu ouvi a sua risada, essa que eu nunca vou esquecer.
e aí, que o universo inteiro conspirou. você entrou na minha vida, trazendo pra perto, tudo aquilo que sempre me pareceu distante, o amor.
eu caí aos seus pés e entreguei pra você os meus olhos, todos seus agora.
um dia a gente viu uma nave espacial e aí sim, era certo, era você pra vida toda. se eles apareceram pra gente, e só pra gente, é porque éramos sim, pra toda vida. era certo agora.
e dia ou outro, quando tudo ia por água a baixo, eu lembrava da nave. aquele ovni no céu da madrugada, me provava por a+b que você era pra mim, como o céu é para a estrela, o mundo todo.
hoje, você foi embora. e eu fico pensando ora na nave, ora no amor, ora em por que é que eles não me buscam logo. a nave e o amor deveriam me tirar logo daqui, e me levar pra anos luz daqui, que esse amor que se confunde com loucura, nem cabe no universo.

ódio

há tempos não me faz bem e eu não consigo te tirar daqui.
se eu pudesse, apagava toda e qualquer lembrança sua.
foi a pior merda que me aconteceu. foi a única pessoa capaz de me machucar e me levar qualquer vontade de coisa bonita.
foi quem me ensinou a amar e ao mesmo tempo me ensinou um amor doente.
me fez aprender a confiar, pra me ensinar que as pessoas que você confia, também te machucam, e te dilaceram sem o menor pudor, olhando nos olhos.

e eu fico aqui pensando em tirar a vida, justo por você, que não merecia uma única vez que meus olhos brilharam.
não sei de onde vem esse seu prazer de me lembrar você quando eu quase consigo continuar, mesmo sem fé. não sei de onde vem esse amor que eu derramo nos teus pés, quando eu quero mesmo é me afogar na minha dor ridícula.

se eu sobreviver, eu vou desejar todos os dias que volte pra mim, ou vá para o inferno com todas as suas manias toscas de me fazer esperar pra te ver. mesmo que seja só pra te ver.
e você sempre fez isso, mas não precisava fazer agora.

eu olharia agora nos teus olhos, tomada pelo ódio. e você não reconheceria o menor sinal em mim, de que um dia eu te amei.

terça-feira, 15 de março de 2011

por nós

amo por mim, de corpo todo, peito aberto, olhos fechados.
amo por ti, que me deixou de corpo nu, carne viva, ferida exposta.

amo por nós duas, ainda que não sejamos mais propriamente nós.
ainda que sejamos nós desatados. nós desatadas.

amo por mim e por você, que já não ama, nem muito nem pouco. ainda que pouco fosse já suficiente pra mim que já quase não respiro.

ateio fogo ao passado, pra ver se o vento sopra pra longe essas cinzas e deixa o dia um pouco mais colorido.

segunda-feira, 14 de março de 2011

que se sustenta no ar

já perdi a vergonha de sentir tanta saudade. perdi a conta dos dias sem você. perdi a fé nas pessoas quando logo você, minha menina perfeita pra vida inteira, me abandonou com flores nas mãos, sem nenhum pudor. perdi a coragem de tentar outra vez com outro alguém.
então eu encontro sempre um jeito de te lembrar.
quando o mês acaba e eu tenho que arrancar a folhinha do calendário, lembro que eu deixava ela lá dias a fio, esperando você pra arrancar, só porque você gosta de fazer isso.
fui comer biscoito e deixei os mais queimados pro final, quem sabe dava tempo de você voltar, são seus preferidos.
guardei a caixinha de fósforo de uma amiga, cheia de pontas, só pra abrir vez em quando e lembrar você.
não que alguma coisa precise me lembrar você ou que você não passe o dia todo me doendo como um espinho cravado, mas é pra lembrar que eu sinto a dor mais linda, e me permito sentir, porque é dor, mas é de amor sublime.

quarta-feira, 9 de março de 2011

terça-feira, 8 de março de 2011

Cinco meses

Eu entendi que as cicatrizes todas que ela deixou, ainda vão ficar por aqui. E que as alegrias que ela levou, não vai devolver.
Então eu decidi, que daqui pra frente sou só sorrisos, porque lembrei que eu não sou fraca assim.
Se nos últimos tempos as coisas andaram um pouco pelo avesso, a parte boa é que eu estou atravessando tudo e pior do que foi, não fica. E quando já não se espera nada de ninguém, a gente não corre o risco de dar com os burros n´água.

No final, eu vou sempre lembrar dela, às vezes com um pouco de mágoa, ora com um pouco de amor. Mas eu vou lembrar que gosto muito mais de mim.

E dela em diante, eu cuido bem do meu jardim, mesmo sabendo que às vezes ele enche de pragas.
Não deixo mais de regar as flores.

terça-feira, 1 de março de 2011

do que sobra do que falta e do que resta

depois de todo o tempo que eu levei pra me permitir chorar, agora não consigo me fazer parar e tenho os olhos vermelhos o peito apertado o ar me faltando e a ânsia
a falta de sono e a sobra de choro
a sua falta e a minha sobra
a sua falta e todo o resto
você me falta e tudo é resto
e já não resta vontade de nada só me falta coragem pra ir




cansaço

Logo eu, tão racional, meti os pés pelas mãos e entreguei meus olhos, sem reservas.
Agora eu ando pelas ruas, cega. Me perco nos grandes e emaranhados caminhos, quase enlouqueço.

Eu grito por socorro, já não me faço bem.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Feridas

Encontre uma ferida antiga. Com uma chave de fenda, abra mais fundo. Cutuque. Gire em todas as direções e com um pouco mais de força, faça-a chegar até o fundo.
Deixe sangrar sem curativos. Jogue um pouco de qualquer coisa que faça arder. E não grite. Agüente a dor com sorriso no rosto.

Você me dói assim.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

ainda




É como quando toca uma música, sua preferida, e você precisa dançá-la, cantá-la, bem alto.
Quando você vive um dia lindo, e precisa suspirar...
Preciso ainda te viver.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Da saudade sem tamanho

Parei pra reler as coisas que escrevi no último ano, como um exercício de limpeza interior.
Nos últimos tempos com você, muito do que eu sentia era pesado.
Ao mesmo tempo, quando você aconteceu em mim, no início, eu era feliz como nunca.
Eu sempre soube que você iria embora, e sentia falta de você desde sempre.
Mas eu queria mesmo perceber quando foi que a gente se perdeu...

Só sei dizer que hoje, eu queria muito você aqui, com seus espinhos e pétalas.
E eu que achei que não tinha mais lágrimas, me peguei derrubando mais algumas.


Para conservar aquele sorriso

Pegue todas as dores e vista-as com poesia.
Limpe todas as feridas e deixe que elas se fechem com o tempo.
Transforme toda mágoa em possibilidade e abra as janelas pro futuro.

Reinvente o agora, de forma que nada mais te falte.
Guarde um pouquinho de fé para os dias mais cinzas.

E não espere mais que ela volte. Porque ela não volta e nem é mais pra você.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ânsia

não é nada
é só uma saudade que eu não sei como expulsar
uma vontade irracional de olhar pra você
ficar em silêncio
depois ir embora
mas antes olhar pra você outra vez
te puxar pelo braço gritar com você te sacudir
vomitar minhas mágoas e olhar nos teus olhos
te abraçar bem forte te bater na cara te perguntar porque
rastejar engasgar soluçar cair aos seus pés
segurar sua mão
dizer que te amo
ainda
pedir que por favor me liberte
ou volte
me ame se case comigo me deixe viver me ensine a te deixar ir
me mostre um caminho
acenda a luz
te odiar te morder te chutar te fuder
te abraçar forte e confessar que eu te quero mais que a mim


Cisco

Ela me dói em todos os cantos; toda parte da memória, dos dias, da casa, do corpo. De tudo aquilo que sangra, fico lembrando do seu olhar vazio da última vez em que a vi.
Aquele olhar sem expressão, quase tédio. Não todo tédio, porque parte caía como indiferença. Daquele olhar de gente que se cruza pela rua e não se conhece, que se esbarra e pede desculpa por obrigação.
Os olhos dela deixavam claro que eu já não morava ali. Que há tempos, ela havia me matado. E acredite, ver-se morta nos olhos de alguém, é convite a suicídio.
Um dia aqueles olhos tiveram brilho e graça e olhavam nos meus. Naquele dia, eles estavam ali só pra me ferir, e olhando pra mim como quem olha para uma parede, se despediram. Foi a última vez em que a vi.

Azedo

Sempre pensei que quando o "nós" acabasse, você e eu seríamos duas pessoas com muitas histórias pra lembrar com sorrisos. E que sempre por perto, iríamos guardar com delicadeza mesmo as nossas asperezas. Pensei que seria doçura, mesmo nosso azedume.
Hoje, tantos meses sem você, nem notícias - nem seu nome eu ouço mais -, entendi que nada é tão justo.
Você foi de um jeito bruto, sem cumprir qualquer promessa, nem longas despedidas.
De tudo, eu guardei muitas dores. Das lágrimas eu já me desfiz.

De todo modo, eu não sei ser assim... derrubar a ponte que me liga - e já não liga - à você, é pedir pra eu não ser quem eu sou.

Eu só posso acreditar, que você não faz idéia do amor que deixou aqui, pra ter me abandonado, depois de largar todas tuas farpas no meu peito.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O Nosso Mundo - Barão Vermelho

"Eu não te deixaria desistir tão fácil
E não te negaria nenhum abraço
"







"Eu voltaria atrás no tempo"


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Queda livre

Queria que você não tivesse desistido.
Aprendi com você a fechar os olhos, a chorar, a abraçar forte.
Entendi que eu amo mesmo os teus defeitos, tuas manias, teus afastamentos.
E depois de tudo isso, te ver desistir sem maiores explicações, só me faz querer experimentar a queda livre.

Queria mesmo que você tivesse ficado, insistido, tentado outra vez. Ou pelo menos explicado porque. Queria que no mínimo, você se afastasse aos poucos e não me roubasse últimos momentos.

De você em diante, eu sou só um corpo vazio.
Com você, foi embora também toda e qualquer vontade de amor.

Boneca de pano


Ah se você fosse página virada... Se eu pudesse não mais guardar o tapete vermelho pra estender pra você. Se eu não pensasse mais em nada, nem você me doesse.
E se eu não te visse em todo canto, em todo gesto, em toda voz. Se eu não te ouvisse em toda música, nem te procurasse a cada esquina.
Se a marca que eu fiz de você no corpo, fosse a única coisa que me lembrasse você.
Então eu seria mais pálida, mas um pouco mais leve.

Mas você me faz sentir boneca. Daquelas abandonadas, trocadas por um brinquedo novo. Boneca de pano, feia. Daquelas que você já dormiu abraçada, mas depois de brincar jogou num canto qualquer, rota.







quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Seu melhor sorriso - pra ela.

Que adianta com toda fúria queimar suas roupas, suas cartas, suas fotos; se com toda delicadeza eu guardo seu sorriso, seu cheiro, seu lugar?
Se em pensamento eu te expulso de mim, só consigo dormir tranqüila quando minto pra mim que logo você está chegando.

E quer saber? Que eu não entendo mais nada!

Você parece feliz com ela. E eu gosto de te ver sorrir, ainda que não seja pra mim.
Então, até um dia. Quero te ver sorrindo, ainda que seu melhor sorriso pra ela, me faça sangrar.

Eu guardo um sonho bom pra você, se um dia você chegar.

De olhos fechados

O que eu mais amo em você, são aquelas coisas todas que eu inventei.
Que eu nem sei se chegaram a ser um dia, mas que eu gostava tanto de acreditar.
Daqueles olhares que não diziam nada, mas que eu gostava de ver coisas nas entrelinhas.
Das coisas que você dizia, que nunca chegaram a fazer qualquer sentido, mas que eu gostava de imaginar como grandes verdades.
Dos carinhos que você cedia, que não expressavam amor nenhum e que eu gostava de imaginar o amor maior do mundo.
Continuo amando tudo isso. Essa menina que não me machucava, porque eu não abria os olhos.


Eu e o querer

Eu aprendi a conjugar o verbo querer desde pequena. E aprendi só na primeira pessoa do singular.
Eu quero, eu quero, eu quero.
E esse é o meu verbo. Porque eu quero tudo, o tempo todo, sempre.

Esse querer desvairado ainda me mata. Mas eu quero mesmo assim.
E são duas coisas que eu gosto muito de pronunciar, EU e QUERO.

Quero mais luz e mais leveza. Quero paciência e quero agora.

Quero aquele emprego que eu acabei de sair da entrevista, e quero saber porque eu mal consegui fazer a redação. E quero entender porque alguém dá um tema livre, e nessa hora tudo o que eu poderia dizer derreteu e escorreu até a calçada.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Laetitia

Eu queria te ver. Queria dormir um pouquinho com você. Só dormir.
Só pra acordar do teu lado e te dar bom dia.
Depois você pode ir embora, eu prometo que não te encho mais o saco.
Porque eu não me importo de dormir com outras pessoas, até gosto, mas eu gosto mesmo é de acordar do seu lado.
E eu sinto tanta falta disso...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

cansaço

É como se eu saísse por aí, tropeçando o tempo todo.
Com esse misto mágoamor engasgado.

Eu queria delicadamente matar você, e mentalmente eu faço isso tantas vezes quanto posso.
Tudo isso, só porque ainda te amo. Soa tão clichê que eu sinto enjôo. Mas eu amo mesmo, e essa dor até que me cai bem.

E pra todo mundo que diz, desencana, eu digo que você ainda vai voltar.
Não hoje, não amanhã, não nessa vida. Mas a gente volta a se encontrar, porque decididamente, é você.


O seu lugar - sua ausência

Quase já não me dói mais a sua ausência. Dói um pouco sim, mas cada dia menos.
A gente acostuma, mesmo com a dor.
O que vai ficando é uma saudadezinha assim perdida, solta, escondida num meio sorriso.
E eu vou reconstruindo você pra mim, com fragmentos. E cada uma delas me traz um pouquinho de você.
Eu chego assim ao fim do dia, cheia de recortes e colagens, um Frankstein, um quebra-cabeça. E você me parece um pouco menos distante, até eu acordar em outros braços.
Quase já não me dói - porque a gente acostuma mesmo com a dor -, mas o lugar é seu. Sempre seu, marquei em mim, o seu lugar, pra mesmo que a dor passe, que eu me lembre dos dias em que você aconteceu aqui.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Às vezes você

Você aconteceu e eu fui deixando você entrar na minha vida, sem reservas.
Você abriu as janelas, as portas, as gavetas, os armários. Você mudou tudo de lugar. Eu, fui dando espaço pra que você me invadisse.
Te apresentei meu mundo. E deixei você ser a atriz principal no meu espetáculo.
Mudei todo o roteiro, pra que você pudesse brilhar sempre mais.
Mas aí, outro dia você mudou de mim. E eu fiquei só com esse nó na garganta, e a casa toda fora de ordem. A loucura foi tanta, a ponto de eu pedir pra você voltar, como se dissesse "volta, continua a me dilacerar o peito e a alma. vai, eu aprendi a amar a doença que me mata."

Eu continuei no meu mundo, mesmo com todos os cacos e restos e sobras e sombras.
E não vou mentir, eu sigo bem - mais leve, mais calma, mais sã.
Tem sempre alguém que abraça a minha loucura, e aí eu durmo feliz. Tem sempre um abraço apertado me esperando. Mas é que às vezes eu vejo você onde não devia.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Das vontades sem culpa

Lembrei que 2011 é o ano em que eu me permito. E lembrei que eu escolhi a palavra leveza pra me acompanhar. Portanto, ponto.
Percebi como de um jeito masoquista, eu acabei gostando do fundo do poço nos últimos tempos. Ponto, lembra?

Eu me permito acordar e olhar pro lado, dizer bom dia, sem culpa.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Desesperadamente os seus espinhos


O que é que faço se eu não quero nem consigo matar você em mim? Se o tempo que passa não te leva daqui, só me lembra o quanto você me falta?

Eu quero você com todos teus defeitos. Porque eu aprendi a amar cada um, e a falta deles deixa um dia cinza e nublado.

Quero a bagunça que você deixava em cima do sofá e os papéis de chiclete que você arrastava pra baixo dele, as bitucas de cigarro no cinzeiro, a toalha sem pendurar no varal e o armário com as roupas todas amarrotadas.

Mais do que isso, eu quero olhar nos teus olhos e ser feliz só por poder fazer isso todos os dias. Quero me virar na cama, e sentir você me abrançando. Quero acordar antes e rir de você babando no travesseiro.

Quero contar as horas pra te ver, e ter certeza de que vale a pena.

Quero abraçar você e saber que não é tarde pra tentar outra vez.

Desesperadamente eu quero você de volta, com suas doçuras e seus espinhos.

Que você volte. Ou que chegue o fim do mundo.

Eu fico inventando pra mim, dias onde ela ainda está aqui. Porque ela era a minha possibilidade de paz.
Às vezes meu amor oscilava, e dias eu a amava mais, dias eu a amava menos. Quando eu a amava mais, mais do que me era possível, mais do que cabia em mim, ela foi embora. Quando eu não sabia o que fazer com aquilo que não mais cabia em mim, nem era possível guardar, esconder, dividir com outras.
Hoje eu fico pensando que eu desesperadamente não quero te apagar, ainda que você me doa ao longo do dia, como uma fisgada no peito ou um nó na garganta. E sinto medo de ver se perder dia após dia, deixar de fazer sentido, cada lembrança boa.
Porque eu queria te guardar como uma coisa boa, com uma leveza de dias de sol - mas vai ficando só a saudade, e vou esquecendo porque mesmo você me dói tanto.

Eu lembro das tardes todas daquele abril e maio, quando você ainda era mistério, e eu fui desvendando e aprendendo a amar.
Quando junho chegou, eu te amava mais do que podia e ainda não sabia, mas já achava. E te disse até, que eu achava que te amava. Levou três meses pra eu saber que era você.

Três meses que você foi embora e eu não consegui te deixar ir. E descobri que leva muito mais tempo pra desamar que para amar. E eu não consigo te matar. Nem quero.

O seu lugar, ainda é seu. Que você volte pra ele. Ou que chegue o fim do mundo.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Se você viesse hoje - ou sobre a vida sem você

Se você viesse hoje, eu te abraçaria até perder o ar.
Passaria a noite acordada, olhando você dormir.
E iria recuperar um pouquinho da sanidade.
Seria um bálsamo pra esses dias em que a preguiça me toma.

Muito, tanto e mais.

Há dias em que eu acordo e tenho a certeza de que você não é pra mim.
Estes são dias leves. E raros.
Na maior parte dos dias, abro os olhos e peço pra acordar desse pesadelo que é a cama vazia e a casa na mais perfeita ordem, sem você.



quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"Os dragões não conhecem o paraíso" - CFA

"Só quem já teve um dragão em casa pode saber como essa casa parece deserta depois que ele parte. Dunas, geleiras, estepes. Nunca mais reflexos esverdeados pelos cantos, nem perfume de ervas pelo ar, nunca mais fumaças coloridas ou formas como serpentes espreitando pelas frestas de portas entreabertas. Mais triste: nunca mais nenhuma vontade de ser feliz dentro da gente, mesmo que essa felicidade nos deixe com o coração disparado, mãos úmidas, olhos brilhantes e aquela fome incapaz de engolir qualquer coisa. A não ser o belo, que é de ver, não de mastigar, e por isso mesmo também uma forma de desconforto. No turvo seco de uma casa esvaziada da presença de um dragão, mesmo voltando a comer e a dormir normalmente, como fazem as pessoas banais, você não sabe mais se não seria preferível aquele pântano de antes, cheio de possibilidades - que não aconteciam, mas que importa? - a esta secura de agora. Quando tudo, sem ele, é nada.

Hoje, acho que sei. Um dragão vem e parte para que seu mundo cresça? Pergunto - porque não estou certo - coisas talvez um tanto primárias, como: um dragão vem e parte para que você aprenda a dor de não tê-lo, depois de ter alimentado a ilusão de possuí-lo? E para, quem sabe, que os humanos aprendam a forma de retê-lo, se ele um dia voltar?

Não, não é assim. Isso não é verdade.

Os dragões não permanecem. Os dragões são apenas a anunciação de si próprios. Eles se ensaiam eternamente, jamais estréiam. As cortinas não chegam a se abrir para que entrem em cena. Eles se esboçam e se esfumam no ar, não se definem. O aplauso seria insuportável para eles: a confirmação de que sua inadequação é compreendida e aceita e admirada, e portanto - pelo avesso igual ao direito - incompreendida, rejeitada, desprezada. Os dragões não querem ser aceitos. Eles fogem do paraíso, esse paraíso que nós, as pessoas banais, inventamos - como eu inventava uma beleza de artifícios para esperá-lo e prendê-lo para sempre junto a mim. Os dragões não conhecem o paraíso, onde tudo acontece perfeito e nada dói nem cintila ou ofega, numa eterna monotonia de pacífica falsidade. Seu paraíso é o conflito, nunca a harmonia."

Caio Fernando Abreu

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ansiedade - ou a vontade de abrir o gás

Às vezes a gente virava a noite jogando conversa fora, falando sobre nada, sobre medos, sobre sonhos, sobre planos.
Outras vezes eu só não conseguia dormir, nem conseguia conversar. E você me abraçava.
Hoje eu precisava muito disso. Desse abraço, dos seus braços.
Queria que você sentasse atrás de mim e me abraçasse como uma criança abraça a boneca.

Porque hoje eu acordei cheia de planos, mas antes de dormir eles deixaram de fazer sentido.

Ando me sentindo em queda-livre. Não é uma metáfora. É o coração na boca. Na boca.
Precisando ir ao médico mesmo. Ansiedade. Tontura. Azia.

Minha mãe veio pra casa. Convidei ela a abrir o gás comigo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Em trânsito - ou a vontade de te arrancar daqui

Comecei o ano com cinco mil planos em mente.
Do mais simples ao mais infinito longo prazo.

Olhei para o calendário do ano passado, e vi que ainda não tinha tido coragem de arrancar as folhinhas dos últimos três meses que passaram. Porque sempre lembrava que você gostava de arrancá-las, e por algum motivo, eu esperava que você voltasse para fazer isso.
Joguei fora o calendário. Não posso parar no tempo, ainda que a gente tantas vezes tenha pensado em tirar a pilha do relógio pra ver se o tempo parava.

Joguei tanta coisa fora nos últimos meses. Numa tentativa boba talvez de apagar você e ressignifcar todo o mundo o qual você um dia fez parte. Certos dias eu acordo e tenho certeza que falta pouco. Outros dias, eu alugaria um avião pra ir te ver.

Com tanta coisa na cabeça, eu queria mesmo saber como é que eu ainda encontro tempo pra desejar você aqui. Desejo insano.

Doismileonzesorrisos!






Este ano, eu me permito.
E mesmo com todas as feridas, eu me permito.
Renovo o ar dos pulmões e permito o sol inundar a casa.
Dois mil e onze sorrisos por uma vida leve e um futuro bom.

E feliz, feliz, feliz, por ter os amigos mais parecidos com anjos que alguém pode ter.

Namastê.