sábado, 30 de outubro de 2010

Dia de Sol

É, talvez as coisas ainda sejam boas e eu goste muito, muito, muito de estar por aqui.
E o sol sempre volta.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Caio Fernando Abreu

É Caio Fernando, caso você estivesse vivo hoje, eu certamente correria até você. Iríamos beber em qualquer bar sujo, e eu diria que nos últimos tempos, e só nos últimos tempos, eu passei a entender cada vírgula sua.
Eu diria que hoje eu entendo cada vírgula, e que elas me encorajam a botar fogo no apartamento ou abrir o gás e ir dormir. Você diria qualquer coisa bonita e triste, daquelas verdades que sangram. E eu dormiria reconfortada, sabendo que o mundo não está tomado por idiotas.
Mas você morreu há tanto tempo e não vai me dizer nada.

Então eu reproduzo trechos de você:

"Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estpu certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora."

"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."

"Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada."

"Penso, com mágoa, que o relacionamento da gente sempre foi um tanto unilateral, sei lá, não quero ser injusto nem nada - apenas me ferem muito esses teus silêncios."

Caio Fernando Abreu


sábado, 16 de outubro de 2010

Sábado

Voltei pra casa daquele jeito antigo. Glamour decadente. Saltos novos na mão e pés descalços no chão. Maço de cigarros amaçados no bolso. Eu só fumo quando tudo perde o sentido.
Pensei tantas vezes em te escrever, em te ligar, em gritar por você. Essa semana foi fácil. Esses últimos dias todos foram tranqüilos. Só hoje mesmo é que você me doeu assim. Todos os outros dias foram fáceis controlar.
Voltei pra casa daquele jeito antigo. Liguei à cobrar do orelhão pros amigos. Senti saudade deles e me arrependi de cada segundo que passei com você e não com eles. Sorri pra cada rosto bonito. E tomei conhaque em um copo plástico como adolescente idiota na rua.
Você me deixou perdida. Desacreditada.
Odeio ter perdido todo esse tempo brilhando só pra você.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Outra vez

Foi esta a segunda vez que me despedi de algo bom, como se soubesse que isso ia acontecer.
E foi vendo ela dormir, que lhe dei um beijo no rosto e saí.
Fui com o peito doendo, desejando que pudesse vê-la logo.
Sei lá porque inferno, não vi nunca mais. Outra vez.

Lugar vazio

Eu deveria, se tivesse um pouco menos amor, acordar e não te desejar um dia lindo. Deveria cantar as canções que tocam no rádio, sem que elas me lembrassem você. Dormir um sono tranqüilo, sem repetir baixinho que te desejo um sonho bom.

E deixar você ir embora, como na verdade já foi. Mas eu me esqueço disso todos os dias, e continuo me importando com quem não cuida mais de mim.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Sim, mundo!

O dia amanheceu feio, cinzento, convidando o corpo a estirar-se na cama.
Mas por verdadeiro prazer que sentia em contrariar, abriu-se em sorriso e cantou suas derrotas.
Olhando-se no espelho, pintou os lábios com o batom mais vermelho. E sorrindo, declarou que daquele momento em diante, o mundo era seu.

E pra tudo o que o mundo lhe convidava, ela dizia sim.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

do fim, do fim, do fim. fim.

na verdade não mudou muita coisa. eu é que definitivamente cansei de tudo isso.
vc me falta demais. vc me cansa demais. sua ausência me dá preguiça de você.
tem tanta coisa errada pra mim faz tanto tempo. tanta coisa que me cansa, que a gente promete mudar, que eu insisto à toa.
e eu me sinto tão triste há tanto tempo. você nem percebe. e nosso (meu) amor, que devia ser leve, que devia ser doce; me cansa, me pesa, me dói, me machuca. eu me sinto sozinha como nunca. e não é pela distância, é pela falta de cuidado, atenção, esforço.
te vejo mover o mundo por muito menos, e não mover uma palha pela gente.
me dói como você não imagina, ver que uma coisa que foi tão boa, me mata.

queria não insistir mais quando nada mais me satisfaz, quando tudo o que você me dá, me falta; quando tudo o que você é, me dói; quando tudo o que você me diz, me mata.

queria lembrar quando foi que eu fui capaz de escrever alguma coisa boa, me senti completa, me senti inteira.

quer conversar? eu queria mesmo é que você explodisse em mil pedaços...

eu sou grossa?
você é pouco. eu quero mais.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Cansaço

Tinha algo nos olhos de denunciava seu leve desespero.
Seus desastres lhe davam um ar cansado e desacreditado.
Não carregava mais aquele brilho nos olhos nem batia mais aquele frio na barriga.
Ficava claro que não esperava mais. Abrira os olhos e acordara do sonho.

Difícil se contentar com os restos de algo que foi tão bom.
Só esperava que fosse embora de forma leve e que lhe devolvesse o sorriso no rosto.

Enquanto isso, pedia para o universo soprar bons ventos.