segunda-feira, 22 de junho de 2015

Mar calmo nunca fez bom marinheiro

Doeu muito quando a Letícia foi embora. Demorei pra me reconstruir e deixar o barco seguir. Tinha certo pra mim que não iria deixar tempestade nenhuma virar meu barco outra vez.
Errei. E descobri que eu ainda era capaz de gostar de alguém, depois de tanta coisa ter dado errado, tanto murro em ponta de faca, tanto barulho, trovão e ventania.
Com muito medo, anos depois e depois de experimentar um tanto de gente sem qualquer pretensão de ir em qualquer correnteza, me vi aportando. Aportando e apostando que (será, meu Deus?), vou fazer daqui meu porto seguro.
Errei outra vez. E lembrei outra vez da primeira vez que me afoguei.
Entendi que preciso voltar pro meu barco, deixá-lo correr solto. E se for a vontade do mar, outro dia outro porto.

domingo, 7 de junho de 2015

Sobre o que seriam os domingos

E hoje, como todo domingo, era dia de ficarmos jogados no tapete, entre uma bagunça de edredons. Era dia de brigar pra descobrir quem ia descansar a cabeça na almofada que a sua avó te deu - a almofada mais cobiçada da casa.
Era dia, como todo domingo, de eu me irritar com o jogo de futebol que você sempre assiste, seu vídeo game sem graça, e essa vida "casa/tv" que você leva - e que eu por opção, sem nenhum aparelho de tv em casa, tive de aprender a gostar.
Então, hoje era dia de estar com você, desde os primeiros minutos da manhã quando eu te odeio por acordar tão cedo, até a hora de pegar no sono no tapete e ir resmungando escovar o dente e ir pro quarto.

Era dia de tudo isso, mas não foi.