sábado, 18 de dezembro de 2010

Nonsense - ou a catarse dadaísta

Então eram mais ou menos quatro da manhã, quando a gente chegou na rua de casa. - Desce comigo pra queimar umas coisas?
Subimos, e eu peguei tudo aquilo que já estava separado, esperando a hora. - Espera, vou só olhar uma última vez...
Ele disse: Tenho a noite inteira.
Amigo é terapia.
É meu melhor inferno astral.
Engraçado que mesmo encharcado de álcool, o fogo não queria espalhar.
Por sorte, Deus inventou o isopor. Isopor queima fácil.
E a gente sentou na guia da calçada, um quarteirão pra frente.
Ele me deu um cigarro, e a gente assistiu de longe àquela cena nonsense.
No apartamento atrás da gente, alguém tocava gaita e eu pensei no Johnny Cash.
Falei tudo o que eu podia. Gastei cada verbo e conjuguei no passado. Imperfeito.
O futuro vai ser mais-que-perfeito. Acabei de inventar pra mim.
Tem espaço até pra futebol. Hoje eu torço pro Botafogo.
Quando cheguei em casa, lembrei de um dvd. Voou pela janela. Bateu no carro estacionado à frente e depois caiu no chão.
Saí para comer um cachorro-quente e quando voltei não estava mais lá.
Adeus, inferno. São seis da manhã.


Um comentário:

  1. Libertar-se de roupas que já não nos cabem mais... É doloroso e inspirador.

    Me identifiquei.
    Bjs.

    ResponderExcluir