quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Longa metragem

Era uma grande sala de cinema. Só nossa. E assistíamos de perto, quase cegas, o filme que ali era projetado. E ríamos, chorávamos, nos assustávamos, a cada nova revelação daquele filme. Gostávamos mesmo era de relembrar do trailer que havia passado antes dele começar.
Trailers sempre parecem mais interessantes. Filmes começam a entediar um pouco pelo meio.
Então o filme acabou e nós sabíamos. Mas escolhemos ficar lá até o fim. Vimos com um pouco de tédio o letreiro subir. E ficamos meses olhando o letreiro, sabendo que já era além do fim, com o tédio e o tédio e o tédio tomando conta.
Por preguiça ou por achar que o filme poderia continuar depois do tédio, continuamos sentadas. Então percebemos, o filme acabara e que não fazia mais sentido continuar ali.
Fomos para outras salas, assistir a projeção de outros filmes e trailers e trailers e trailers de filmes que talvez não fossem maiores que um curta metragem.
Volta e meia nos víamos projetando também, não filmes, mas expectativas. Volta e meia eu pensava se ela ria nesse outro filme, de piadas velhas de filmes antigos. Volta e meia eu pensava se ela voltaria àquela velha sala escura, sem filme nem letreiro, nem pipoca velha pelo chão, só pra lembrar outra vez daquele trailer.

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