domingo, 4 de outubro de 2009

Despedida

Uma coisa revirando por dentro. Uma ânsia saltando-lhe a boca. Uma vida inteira pela frente. E ela não queria nada. E esperava tanto.
E nunca sabia explicar o que era exatamente “o vazio”. Nunca se fez entender quando contava sobre o nada que lhe atormentava.
Sentia-se sozinha, e detestava sentir-se assim. Na verdade, tinha um certo orgulho em não ser daqui, em não se encontrar naquilo; mas sabia que era desleal sentir-se só, com tanta gente ao seu redor.
Então, às vezes saía por aí, caminhando sem rumo, indo sozinha aos seus lugares preferidos, só pra ser mais justa e verdadeira com aquela sensação vazia (vadia) que lhe invadia a alma. Porque sabia que era injusto sentir-se vazia, com tanto movimento e tanta gente sacudindo-lhe os ombros.
Mas nascera cansada, e por mais nova que fosse, sentia-se velha; como se anos lhe pesassem n´alma, como se vidas lhe custassem cada alegria.
Não era daqui, disso tinha certeza. Mas tinha certo orgulho. E a vaidade lhe corroia por dentro. Porque sabia: não era daqui.
E esperava sempre que alguém viesse buscá-la. Esperava sempre o dia em que iria embora. Esperava sempre o momento em que ser, não pesaria tanto; e que o passar dos dias, não lhe doesse como a última mordida em algo bom.

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